terça-feira, 25 de junho de 2013

Bem vinda ao mundo Alice Lahm da Luz!




Minha princesa Alice,

      Como falei para sua mamãe ontem, eu queria poder dizer várias coisas bonitas que chegassem a representar o dia do seu nascimento, mas daí que não tem nada que possa chegar nos pés de uma coisa tão perfeita como você ter vindo cheia de saúde e trazendo alegria para todo mundo. Então resolvi te escrever esta cartinha para te desejar todo o amor do mundo.
       Você que nasceu muito amada por todos e tenho certeza que quem não te conheceu ainda, você vai conquistar. Vai dar um trabalho danado pro seu papai coruja. Não sou sua madrinha de papel, mas sou sua madrinha de coração e quero que você saiba que comigo você vai poder contar sempre. Não se preocupe, não contarei nada para seus pais. E no dia que você estiveres triste, poderei te fazer um cupcake. Acredite que acalma sim um coração ansioso. 
       Cuidado com o mundo minha pequena. Ele é perigoso. Muitas vezes as pessoas irão te magoar e outras muitas você será responsável pela mágoa dos outros. Porque a vida é assim mesmo, por isso não tenha medo, mas tenha coragem. Como o poeta Pablo Neruda dizia que se nada pode nos livrar da morte, ao menos o amor nos livra da vida. Por isso minha querida: ame! Não tenhas medo de amar, não tenhas medo de viver. A vida está ai para ser vivida.
        Mas ao mesmo tempo, o mundo é maravilhoso. Aqui você vai poder desfrutar de muitas coisas. É verdade que corre o risco de sofrer e ficar meio triste às vezes. Mas "a gente corre o risco de sofrer um pouco quando se deixou cativar..." Então minha princesa, a tristeza é passageira e como dizia Vinícius de Moraes, é melhor ser alegre do que triste, a alegria é a melhor coisa que existe. E você achará não nas grandes coisas, mas justamente nas pequenas coisas do dia-a-dia que fazem uma grande diferença. Um abraço quando precisamos, a nossa música preferida tocando na rádio, uma viagem inesperada, uma aventura, um vento frio em um dia quente. A felicidade não avisa quando ela chega, temos que pegar-la no ar. De supetão, de surpresa. Assim como você que chegou de supetão trazendo alegria para todos nós.
       Ouça música boa sempre. Muitas vezes ela será seu consolo em dias frios. Música boa toca na nossa alma. Faz nosso coração bater no compasso da música. Dançar é muito bom também, é libertador muitas vezes. Mas cuidado para não ser vulgar, é feio.
        Cuide sempre do meio ambiente, respeite-o e aconselhe quem não o faça. Ele nos proporciona a vida, existe coisa maior do que isso? Portanto, nossa responsabilidade com ele é grande. Jamais o abandone. Plante uma árvore, plante bananeira também (confesso que eu só sei plantar bananeira dentro da água!). Faça estrelinhas e olhe sempre as estrelas. Veja como elas são bonitas e só podemos admirá-las à distância. Admire o mundo à sua volta, existe tanta coisa bonita para se olhar! Uma pequena flor que consegue nascer no chão de um deserto, não é um pequeno milagre? Olhe para o mundo, pequena, você verá muita coisa boa também. 
       Lute pelos seus direitos e pelos seus ideais. Não desista dos seus sonhos pelos outros. E nunca perca a esperança na humanidade. Faça sempre a sua parte. Mantenha a consciência limpa de que estás fazendo sua parte. Também não desista de sua realidade pelo sonho de outrem. Quem quer vai à luta. As melhores coisas da vida, a gente não ganha de mãos beijadas, ganhamos depois de muito sofrimento e luta. Elas são as mais difíceis de serem obtidas porque no final, saberemos que o que ganhamos foi especial e não devermos perder. O prêmio final vai se sobrepor à tanto sofrimento. Por isso não desista de algo porque é difícil. Tenha sempre em mente que as melhores coisas são as mais difíceis.
      Respeite sempre os seus pais e as pessoas que estão à sua volta. Pense sempre duas vezes antes de tomar atitudes precipitadas para não se arrepender depois. Pois se tem uma coisa que é ruim é esse tal de arrependimento. Você não poderá voltar atrás e fazer tudo de novo, por isso, caso erre, use do erro como exemplo para servir de acertos futuros. Nunca diga que sabe de tudo, sempre tenha a humildade de aprender mais.
      Quando não souberes o que fazer: converse com sua mãe. Tenho certeza que se ela não tiver como aconselhar, pelo menos terá um abraço aconchegante para te reconfortar.
       Confie nos seus amigos e seja leal à eles. Caso algum não o seja, é porque não é digno de você. Não desconte sua tristeza em outros, pois você não gostaria se fosse o contrário. 
Saiba filtrar conselhos bons e ruins. Nem todo mundo tem ideias boas, lembre-se disso. Se conselho fosse bom a gente vendia não é mesmo?
      Leia bastante. Tente criar o gosto pela leitura desde cedo, assim, não sofrerá com a ignorância do mundo à sua volta. Sem falar que nos livros você poderá vivenciar aquilo o que não te é possível na vida real. Você será capaz de conhecer milhares de lugares do mundo inteiro sem nem precisar sair do seu quarto. Use sua imaginação e não deixe que com o passar dos anos você à perca. A gente vai ficando adulto e vamos ficando tão idiotas Alice...  Não perca sua inocência, sua capacidade de sorrir mesmo quando por dentro você está triste. Continue acreditando que no final tudo vai dar certo, pois pensamentos positivos sempre trarão coisas positivas.
      Não pense no que os outros vão achar o tempo inteiro. Faça o que sua consciência e seu coração mandam. O que importa é ser feliz. E ninguém viverá sua vida por ti, então minha princesa, as escolhas são suas.
      Aproveite sua infância o máximo que puder. Acredite que depois a gente fica com uma saudade enorme, uma vontade de voltar no tempo só pra poder ficar só de calcinha brincando na lama. 
       Tenha fé em Deus e confiança na sua família. Se seus pais lhe disserem que não é para você fazer algo, por mais que você odeie-os por algumas horas por conta disso, acredite e confie neles pois eles têm mais experiência que você e sabem o que estão dizendo. No futuro, você os agradecerá. É claro que eles poderão errar, somos todos humanos passíveis de erros. Mas eles sempre buscarão o melhor pra você pois o amor deles por ti é incondicional.
       Mas principalmente Alice, confie sempre em si mesma.
       Te amo minha pequenininha! 
       Com todo meu amor,

tia Julia.

domingo, 16 de setembro de 2012

Liberta-te



Meu caro, ouça bem o que lhe digo:
Estamos presos no corpo,
A liberdade está só no pensamento, amigo.
Esse nosso corpo está morto
Pois quem trás a vida é a liberdade.
E isso é fruto apenas do pensamento
Não nos interessa a idade,
Nem cor, classe ou momento.
O pensamento é livre para voar
Mas o corpo nos prende
E lembra-nos que não podemos pousar
No lugar que nos entende.
Talvez o céu seja o teu pilar,
E tua mente seja limitada.
Mas o universo é meu lar
Não me limita a nada.
Talvez você jamais entenda,
Ou talvez não queira ver
Que por mais que o corpo te prenda,
No pensamento a gente pode viver.


Julia Barzotto Wegener

domingo, 9 de setembro de 2012

Girassol



Por se chamar de Flor,
Você tem uma sina:
De andar sempre entre dor e amor,
E por mais que isso doa, ensina.

Você não é uma rosa.
Você é um girassol bem amarelo.
A rosa é toda poderosa.
Mas o girassol é mais belo.

Conforme o Sol vai andando,
Apesar do caule fino,
O girassol vai girando,
Acompanhando-o em seu destino.

A rosa é apenas mais um clichê.
E apesar de dor e amor também ser,
O girassol combina mais com você.
Pois é a única flor que saber viver.

O girassol não apenas gira.
O girassol dança,
O girassol inspira,
O girassol encanta.

Apesar de você achar que não,
Eu lhe digo firmemente,
Que outras flores lhe invejarão
E você girará também em outras mentes.

Julia B. Wegener

sábado, 8 de setembro de 2012

O sonho (ir)real



Talvez foi a lua
Ou a falta dela
Que me fez vê-la numa rua
E pra variar estavas bela.

Você sorria incansavelmente.
Talvez pelo calor do momento,
Renato Russo cantou na minha mente.

Quando cheguei mais perto
Abri a boca para lhe dizer
Mas ela apenas ficou aberta
Porque era inacreditavelmente você.

Você sorria e falava 
Que tudo iria ficar bem
E eu apenas acreditava
Porque você é o que me mantêm.

Era tanta falta reprimida
Que quando a vi,
Não pude impedir as lágrimas contidas.

Então eu acordei 
Fiquei triste que era irreal
Pela casa toda eu andei
Mas você também era mortal...

domingo, 19 de agosto de 2012

Sociedade Patética


Corpos esteticamente modificados,
Cérebros meramente malhados.
O externo se sobrepõe o interno,
As pessoas são o seu próprio inferno.

Olhos fechados para a realidade,
Ninguém está afim de ver a verdade.
Tá mais fácil consertar o corpo,
Do que consertar o mundo - tão torto.

Não se roubam mais corações...
A moda agora é roubar milhões.
Não há mais gentileza nem amor.
Sobrou um mundo de guerra e dor.

Há crianças morrendo de fome.
''E daí, não sei nem seus nomes.''
Não há mais coletividade,
Em um mundo de pura individualidade.

A sociedade reclama clandestinamente.
Desse jeito, que futuro tem-lhe em mente?
Não adianta reclamar e fugir.
A solução é simples: é só agir.



Julia Bazotto Wegener

sábado, 24 de março de 2012

You only live once.


          ''Começou assim. Não, não foi assim, na verdade eu nem me lembro bem como ou onde começou, só sei que. Caminhante estava eu, sozinha. Não que isso me afetasse, claro que não, e apesar de parecer piegas era a mais pura verdade que eu já tinha me acostumado. É, acostumada de ser sozinha, sabe? É que as pessoas aparecem, me ofuscam e simplesmente desaparecem depois, você entende? Meus olhos ainda ficam ardendo durante vários dias consecutivos até que eu me acostume novamente.
           Dele, é que eu não sei mesmo como começar. Nunca o havia visto. Mentira. Tinha visto sim, mas apenas o brilho longínquo, como em outro planeta, outra galáxia, não sei. Só sei que era de longe. E como em um piscar de olhos, vi-o mais perto, e cada vez mais e mais perto. Até que. Sim, sim, sim! Eu disse repetidas vezes sem pestanejar. Nossos caminhos se cruzaram, olha só, quem diria, eu nunca imaginaria. E você não sabe o quanto brilhamos. Nem me ofuscou, e por mais incrível que pareça, eu fazia parte de toda àquela luminosidade. Brilhamos tanto - juntos - que os outros foram ofuscados.
           Outros o quê? Outras pessoas, outros astros, outras galáxias, isso não vem ao caso. O que vem é que. Foi tão bom. A purpurina nos invejaria. Nada brilhou mais do que ele e eu, eu e ele juntinhos. Foi de dar gosto de ver. E eu queria ficar ali, brilhando por toda a eternidade. Feito estrelas-gigantes-vermelhas.
           Mas aí ocorreu que. Sempre acontece, você sabe, eu já te disse. Ele se foi. Foi mesmo, apesar de todo o brilho que tivemos ao nos encontrar no meio de nosso caminho. Mas não o culpo. É o que a física chama de - como é mesmo? Ah é. O princípio da independência da luz. Dois feixes de luz sozinhos que se cruzaram entre si, brilham mais fortes juntos, mas continuam seguindo o seu caminho. Sozinhos. E sem sofrer alteração.
           Só que eu, que sempre gostei de quebrar regras, princípios e afins, quebrei mais esta. Sofri alteração.''


JBW

domingo, 18 de março de 2012

Procura-se: Vergonha na cara.

   

   ''Ao reler uma crônica de Martha Medeiros, publicada em seu livro Doidas & Santas, parei. Parei para refletir quando ela diz que ela é do tempo em que as pessoas tinham vergonha na cara. E tenho que concordar. Hoje em dia, as pessoas não tem mesmo um pingo de vergonha. Nem na cara nem em lugar nenhum. Aliás, o que é mesmo essa tal de vergonha? A falta de vergonha dos outros, me faz ficar com vontade de fazer um presente com um papel bem bonito e um recadinho. O presente é um óleo de peroba. E no recadinho está escrito: para passar nessa sua cara de pau.
   Têm que ter muita falta de vergonha mesmo. É normal você ouvir tanto homens quanto mulheres dizendo que já perderam as contas de quantos ficaram. Todo mundo pega todo mundo e isso é... normal. E o respeito? Nem se ouve mais falar dele. Aliás, dele, só ficaram com o final da palavra: peito. É peito, é bunda de fora e todo mundo acha lindo e bate palmas. Chamar a mulher de cachorra, cantar músicas que só falam em putaria e esfrega-esfrega. Lindo, magnífico, fico até emocionada. Choro. Mas só se for pra chorar de horror de tão triste que tudo isso é. De tão deprimente que é essa decadência toda. Eu, ao contrário de Martha, não posso dizer que sou do tempo em que as pessoas tinham vergonha na cara, porque conheço gente da minha idade (e até mais velhas) que não sabem nem o que significa essa palavra, quem dirá, saber como aplicá-la. Mas posso dizer que. Nasci na época errada.
    Estamos no século da decadência. De literatura, de música, de cultura, de comportamento e principalmente, decadência de pessoas. Quando eu vejo menininhas mais novas do que eu, fazendo coisas que nem eu com quase 18 já fiz, fico a pensar que. É de dar pena. Ter uma infância feliz e bem vivida é privilégio para poucos. Querem ter todo o direito de gente grande antes do tempo. Eu, já sou o contrário. Quero retroceder à minha infância e aproveitar mais ainda. Voltar na época em que ter um Melocotom era tudo de bom. Voltar para a época em que as crianças ouviam balão mágico e não como agora que já aprendem a balançar a bundinha e ficar cantando coisas sem sentido e pervertidas. Voltar à época em que se ficava acordado até tarde só para cuidar de um tamagoshi para que ele não morresse. Hoje, criança acordada até tarde é sinal de. Boate ou internet.
    Estamos na época negra. Tudo é desaculturação, nos deixa alienados e burros. Que Deus permita que eu fique o mais longe disso o possível, que nem eu nem você sejamos infectados pelo vírus dessa nova geração. A geração dos sem-vergonhas-desaculturados. Geração que banalizou o 'eu te amo', geração que acha feio ser diferente, geração que julga e maltrata. Geração que rotula pessoas como 'caretas' ou 'ultrapassadas'. Que seja. Prefiro muito mais ser rotulada de careta e o diabo à quatro do que não ter vergonha nenhuma e ainda achar bonito.
    Então, já que sou careta, por não achar bonito essa desaculturação, essa falta de caráter, essa mentira na maior cara limpa e lavada e por acreditar que existe sim o amor  de verdade e não o banalizado, eis que spo me resta dizer: Senhor, obrigada por me ter feito tão careta, amém.''



JBW