domingo, 25 de setembro de 2011
A dor que não passa
''E sem eu menos esperar, meu corpo começa a doer e essa dor começa a se espalhar. Vem a febre, vem o mal-estar e todo o resto. Remédios que aliviam a dor, sejam bem-vindos. Meu corpo cansado quase não é capaz de aguentar. Depois de certo tempo a febre passa. Mas e o resto? No dia seguinte, a dor no corpo passa. E eu continuo a me perguntar: Mas e o resto? E essa alma pesada que não emagrece nunca, essa alma cheia de remendos, essa alma desgastada que não pode ser trocada? A febre interna não se passa com compressas de água fria e para essa dor que vem de dentro pra fora não existe Tylenol que cure ou pelo menos, que alivie. Também não posso pegar linhas e agulhas para tentar costurá-la. Nem cola de sapateiro funciona. Quis tão intensamente renascer das cinzas que sem perceber, acabei me afundando cada vez mais nela, como em uma neblina-de-filme-de-terror-que-envolve-os-cenários-e-os-personagens. Não que fosse uma coisa ruim, mas entenda que também não é boa. Essa minha vontade de uma alma nova, uma-alma-não-tão-desgastada não passa de pura ilusão.''
JBW 25/09/11 14:14
sábado, 17 de setembro de 2011
É tempo de mofo.
''Entre. Mas não repare muito. As paredes estão rachadas, o telhado está com goteiras e o assoalho está descolando. Tá meio escuro mesmo, não tem luz, a não ser por aqueles feixes que vem lá de fora pela janela. O cheiro não está agradável. Mas é que são os tempos de mofo, meu caro. Não é agradável, eu sei. Mas até me acostumei com essa podridão. Ao olhar para a janela, posso ver que o tempo passa. As pessoas dançam e sorriem. E como elas sorriem. Vejo que a grama está verde, o céu está azul e as flores estão nascendo. Pessoas estão nascendo. Mas do lado de cá, tudo está morrendo. A flor que eu trouxe de lembrança de uma vida serena já murchou. Meus dedos também estão murchos. Minha pele está áspera e coberta de poeira. Fui deixada no relento, e olha só, eu não estou ligando. Aprendi a aceitar que momentos mofados são necessários, que momentos de solidão e podridão também podem trazer algo de proveitoso. Não tiramos lições de quando estamos do outro lado, do lado colorido da história. Aprendemos a respeitar os nossos limites desse lado em preto e branco. Assim, podemos nós mesmos colori-lo como bem entendermos. E por enquanto que o sol brilha do lado de fora, e nesse meio tempo em que tudo do lado de lá é mais bonito que do lado de cá, eu venho me avaliando, eu venho me curtindo em meio a tanta teia de aranha. Não se preocupe, estou me recriando, estou me reinventando. É tempo de colocar um disco de vinil melancólico como plano de fundo, é tempo de nada mais nada menos que mofo. Estou na minha própria decomposição, na minha troca de pele e por favor, não me atrapalhe. Estou bem assim. Já dizia Caio Fernando Abreu: 'Porque mesmo que os morangos estejam mofados, os morangos continuam sendo morangos.' ''
JBW 17/09/2011
sábado, 3 de setembro de 2011
Para onde você pode voltar.
J.B.W. 03/09/2011 10:52
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