domingo, 16 de setembro de 2012

Liberta-te



Meu caro, ouça bem o que lhe digo:
Estamos presos no corpo,
A liberdade está só no pensamento, amigo.
Esse nosso corpo está morto
Pois quem trás a vida é a liberdade.
E isso é fruto apenas do pensamento
Não nos interessa a idade,
Nem cor, classe ou momento.
O pensamento é livre para voar
Mas o corpo nos prende
E lembra-nos que não podemos pousar
No lugar que nos entende.
Talvez o céu seja o teu pilar,
E tua mente seja limitada.
Mas o universo é meu lar
Não me limita a nada.
Talvez você jamais entenda,
Ou talvez não queira ver
Que por mais que o corpo te prenda,
No pensamento a gente pode viver.


Julia Barzotto Wegener

domingo, 9 de setembro de 2012

Girassol



Por se chamar de Flor,
Você tem uma sina:
De andar sempre entre dor e amor,
E por mais que isso doa, ensina.

Você não é uma rosa.
Você é um girassol bem amarelo.
A rosa é toda poderosa.
Mas o girassol é mais belo.

Conforme o Sol vai andando,
Apesar do caule fino,
O girassol vai girando,
Acompanhando-o em seu destino.

A rosa é apenas mais um clichê.
E apesar de dor e amor também ser,
O girassol combina mais com você.
Pois é a única flor que saber viver.

O girassol não apenas gira.
O girassol dança,
O girassol inspira,
O girassol encanta.

Apesar de você achar que não,
Eu lhe digo firmemente,
Que outras flores lhe invejarão
E você girará também em outras mentes.

Julia B. Wegener

sábado, 8 de setembro de 2012

O sonho (ir)real



Talvez foi a lua
Ou a falta dela
Que me fez vê-la numa rua
E pra variar estavas bela.

Você sorria incansavelmente.
Talvez pelo calor do momento,
Renato Russo cantou na minha mente.

Quando cheguei mais perto
Abri a boca para lhe dizer
Mas ela apenas ficou aberta
Porque era inacreditavelmente você.

Você sorria e falava 
Que tudo iria ficar bem
E eu apenas acreditava
Porque você é o que me mantêm.

Era tanta falta reprimida
Que quando a vi,
Não pude impedir as lágrimas contidas.

Então eu acordei 
Fiquei triste que era irreal
Pela casa toda eu andei
Mas você também era mortal...

domingo, 19 de agosto de 2012

Sociedade Patética


Corpos esteticamente modificados,
Cérebros meramente malhados.
O externo se sobrepõe o interno,
As pessoas são o seu próprio inferno.

Olhos fechados para a realidade,
Ninguém está afim de ver a verdade.
Tá mais fácil consertar o corpo,
Do que consertar o mundo - tão torto.

Não se roubam mais corações...
A moda agora é roubar milhões.
Não há mais gentileza nem amor.
Sobrou um mundo de guerra e dor.

Há crianças morrendo de fome.
''E daí, não sei nem seus nomes.''
Não há mais coletividade,
Em um mundo de pura individualidade.

A sociedade reclama clandestinamente.
Desse jeito, que futuro tem-lhe em mente?
Não adianta reclamar e fugir.
A solução é simples: é só agir.



Julia Bazotto Wegener

sábado, 24 de março de 2012

You only live once.


          ''Começou assim. Não, não foi assim, na verdade eu nem me lembro bem como ou onde começou, só sei que. Caminhante estava eu, sozinha. Não que isso me afetasse, claro que não, e apesar de parecer piegas era a mais pura verdade que eu já tinha me acostumado. É, acostumada de ser sozinha, sabe? É que as pessoas aparecem, me ofuscam e simplesmente desaparecem depois, você entende? Meus olhos ainda ficam ardendo durante vários dias consecutivos até que eu me acostume novamente.
           Dele, é que eu não sei mesmo como começar. Nunca o havia visto. Mentira. Tinha visto sim, mas apenas o brilho longínquo, como em outro planeta, outra galáxia, não sei. Só sei que era de longe. E como em um piscar de olhos, vi-o mais perto, e cada vez mais e mais perto. Até que. Sim, sim, sim! Eu disse repetidas vezes sem pestanejar. Nossos caminhos se cruzaram, olha só, quem diria, eu nunca imaginaria. E você não sabe o quanto brilhamos. Nem me ofuscou, e por mais incrível que pareça, eu fazia parte de toda àquela luminosidade. Brilhamos tanto - juntos - que os outros foram ofuscados.
           Outros o quê? Outras pessoas, outros astros, outras galáxias, isso não vem ao caso. O que vem é que. Foi tão bom. A purpurina nos invejaria. Nada brilhou mais do que ele e eu, eu e ele juntinhos. Foi de dar gosto de ver. E eu queria ficar ali, brilhando por toda a eternidade. Feito estrelas-gigantes-vermelhas.
           Mas aí ocorreu que. Sempre acontece, você sabe, eu já te disse. Ele se foi. Foi mesmo, apesar de todo o brilho que tivemos ao nos encontrar no meio de nosso caminho. Mas não o culpo. É o que a física chama de - como é mesmo? Ah é. O princípio da independência da luz. Dois feixes de luz sozinhos que se cruzaram entre si, brilham mais fortes juntos, mas continuam seguindo o seu caminho. Sozinhos. E sem sofrer alteração.
           Só que eu, que sempre gostei de quebrar regras, princípios e afins, quebrei mais esta. Sofri alteração.''


JBW

domingo, 18 de março de 2012

Procura-se: Vergonha na cara.

   

   ''Ao reler uma crônica de Martha Medeiros, publicada em seu livro Doidas & Santas, parei. Parei para refletir quando ela diz que ela é do tempo em que as pessoas tinham vergonha na cara. E tenho que concordar. Hoje em dia, as pessoas não tem mesmo um pingo de vergonha. Nem na cara nem em lugar nenhum. Aliás, o que é mesmo essa tal de vergonha? A falta de vergonha dos outros, me faz ficar com vontade de fazer um presente com um papel bem bonito e um recadinho. O presente é um óleo de peroba. E no recadinho está escrito: para passar nessa sua cara de pau.
   Têm que ter muita falta de vergonha mesmo. É normal você ouvir tanto homens quanto mulheres dizendo que já perderam as contas de quantos ficaram. Todo mundo pega todo mundo e isso é... normal. E o respeito? Nem se ouve mais falar dele. Aliás, dele, só ficaram com o final da palavra: peito. É peito, é bunda de fora e todo mundo acha lindo e bate palmas. Chamar a mulher de cachorra, cantar músicas que só falam em putaria e esfrega-esfrega. Lindo, magnífico, fico até emocionada. Choro. Mas só se for pra chorar de horror de tão triste que tudo isso é. De tão deprimente que é essa decadência toda. Eu, ao contrário de Martha, não posso dizer que sou do tempo em que as pessoas tinham vergonha na cara, porque conheço gente da minha idade (e até mais velhas) que não sabem nem o que significa essa palavra, quem dirá, saber como aplicá-la. Mas posso dizer que. Nasci na época errada.
    Estamos no século da decadência. De literatura, de música, de cultura, de comportamento e principalmente, decadência de pessoas. Quando eu vejo menininhas mais novas do que eu, fazendo coisas que nem eu com quase 18 já fiz, fico a pensar que. É de dar pena. Ter uma infância feliz e bem vivida é privilégio para poucos. Querem ter todo o direito de gente grande antes do tempo. Eu, já sou o contrário. Quero retroceder à minha infância e aproveitar mais ainda. Voltar na época em que ter um Melocotom era tudo de bom. Voltar para a época em que as crianças ouviam balão mágico e não como agora que já aprendem a balançar a bundinha e ficar cantando coisas sem sentido e pervertidas. Voltar à época em que se ficava acordado até tarde só para cuidar de um tamagoshi para que ele não morresse. Hoje, criança acordada até tarde é sinal de. Boate ou internet.
    Estamos na época negra. Tudo é desaculturação, nos deixa alienados e burros. Que Deus permita que eu fique o mais longe disso o possível, que nem eu nem você sejamos infectados pelo vírus dessa nova geração. A geração dos sem-vergonhas-desaculturados. Geração que banalizou o 'eu te amo', geração que acha feio ser diferente, geração que julga e maltrata. Geração que rotula pessoas como 'caretas' ou 'ultrapassadas'. Que seja. Prefiro muito mais ser rotulada de careta e o diabo à quatro do que não ter vergonha nenhuma e ainda achar bonito.
    Então, já que sou careta, por não achar bonito essa desaculturação, essa falta de caráter, essa mentira na maior cara limpa e lavada e por acreditar que existe sim o amor  de verdade e não o banalizado, eis que spo me resta dizer: Senhor, obrigada por me ter feito tão careta, amém.''



JBW

sábado, 10 de março de 2012

Somewhere only we know

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    ''O céu estava mais claro do que costumava ser, a grama estava mais verde e os passarinhos cantavam a mais bela melodia já ouvida. Era primavera. E eu estava sentada na sombra de uma árvore daquela clareira, enquanto lia e admirava. Admirava e lia. Fechei meus olhos por alguns minutos, deixando que a brisa batesse em meu rosto e balançasse meus cabelos.
     Deixei o livro momentaneamente de lado, coloquei meu walkman - sim, um walkman mesmo, sou um tanto à moda antiga, um tanto diferente baby, sou uma jovem dos anos 80- e pude relaxar, não pensar em nada, em nada mesmo, deixar a brisa agir por conta própria passando por dentro de mim, brincando com minha alma sorridente.
     Acho que cheguei a adormecer por instantes. Não tinha noção da hora e nem queria ter. Não queria mesmo. Era uma sensação leve, um vestido branco e cheiro de lavanda. Foi então que sem que eu percebesse, alguém se sentou do meu lado. E era você. Não sei quanto tempo você ficou ali em silêncio até que eu o notasse. Você estava com as pernas esticadas e com as mãos na nuca, encostado também na árvore - a mesma - mas não encostando em mim. Você tinha uma aparência leve e um sorriso torto - seu charme. Parecia um anjo de cabelos negros. Não pude deixar de sorrir. Você estava mesmo, estupidamente bonito. Sempre mais bonito pessoalmente do que nas minhas lembranças. E eu que já tinha me acostumado com a ideia de que nunca mais. Mentira, eu jamais me acostumaria.
     Você abriu os olhos lentamente e esboçou um sorriso de orelha à orelha mostrando suas covinhas que eu tanto lhe dizia e você tanto negava. É sinal de beleza. Você retirou meus fones e disse que eu continuava sendo uma menina estranha. Sempre, eu confirmei. Ainda bem, estava sentindo falta disso, disse-me. Pegou na minha mão e falou repetidas vezes que sentia muito, que sentia muito, muito mesmo, enquanto olhava no fundo de meus olhos sem desviar. Não importa, eu disse, passou, todos sentimos muito. Mas isso não bastava, você queria repetir, como se aquilo lhe tirasse um fardo que estavas a carregar durante muito tempo.
     Você estava diferente, os cabelos um tanto quanto mais longos (não tão longos), uma barba rala e mal-feita e um rosto um tanto mais maduro. Já faziam seis anos desde o nosso último encontro e eu não tinha ideia de como você havia me encontrado, o fato era que. Eu estava gostando. E como se lesse os meus pensamentos, você me disse que não tinha se esquecido de meu lugar - quase - secreto. As desculpas eram porque havia demorado muito para voltar, não havia mandado notícias, não havia cumprido suas promessas. Continuei não importando, o que passou já passou, o que deve ficar deve ser o presente, e você estava ali, não estava?
     Deitamos na grama, virados um de frente para o outro, as mãos dadas e uma posição - de ambos - quase fetal. Você estava sorrindo aliviado, eu estava sorrindo feliz. As palavras não precisavam serem mais pronunciadas. O silêncio soube preencher todos os nossos espaços, e foi então que eu percebi que podem se passar mil anos, o que é amor, sempre volta.''


J.B.W.
 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uma Paris diferente.

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          ''Paris não é mais a mesma. O ar mudou, o clima mudou, e mais alguma coisa que eu não sei o quê. As pessoas mudaram, talvez. Ou eu mesma que mudei, é provável, sou tão inconstante. 
        Mas é como se eu andasse por ruas e ruas, e nenhum rosto mais me fosse real. Todos rostos de pessoas que eu não sei quem são, pessoas frias, frias. E tão fúteis que me dão náuseas. A verdade é que me cansei de viver nessa cidade que de cor-de-rosa só existe na nossa fantasia. Na verdade, existia sim, não vou ser hipócrita de falar que nunca existiu um quê de diferente nessa cidade. Mas mudou. Assim como àquelas pessoas que dizem que ficam e elas vão. Não adianta, elas vão mesmo.
        Eu sei que sempre que pensamos em Paris, sempre que a citamos, pensamentos bons vem à tona, imagens bonitas de uma torre Eiffel idealizada cheia de paixões, amores correspondidos e todas essas coisas cheias de purpurina que brilham e ofuscam a visão dos olhos alheios. Cansa ver essa felicidade toda explodindo de cada esquina, sendo que no fundo mesmo, o rio Senna está poluído. É a cidade da arte, do cinema. Dá-se uma pincelada nas partes estragadas e tudo vira um arco-iris de felicidade. Coloca-se uma máscara qualquer achada em qualquer lata de lixo de um beco sem saída e finge-se: está tudo bem.
        As pessoas sorriem e tomam seu cafezinho, conversam e comem macarrones de diversas cores. Conversas tolas qualquer, matando o tempo. Encenando uma paisagem de uma cidade maravilhosa que só existe em nossas memórias tolas e fulas. Nem memórias mais. Paris mudou completamente. Agora é uma cidade encenada, uma cidade com outros ares, outras pessoas, que não somos mais nós. Roubaram-a de nós e a fizeram de um palco de encenações com pessoas igualmente teatrais que insistem ser quem não são, falar frases que não são suas e declarações sem emoção. 
       Paris, eu realmente te desconheço. Você com todas essas pessoas se tornou farsa, se tornou algo que eu não quero mais me espelhar, algo que eu não quero mais conhecer. Você com toda essa sua beleza que é de deixar tonto à qualquer um, se tornou tão feia e suja por dentro, que eu sinceramente não sei mais se você merece toda essa glamorosidade que as pessoas te dão. 
       Mas não me leve a mal Paris, não vou descer a lenha em você apenas. Não sou de todo mal assim. Só queria te dizer, que a sinto diferente, não a vejo mais com a mesma graciosidade de outrora. E por mais que eu tenha dito tudo isso sobre sua 'pessoa', tenho que admitir que apesar de tudo, você é encantadoramente linda. E que eu sou perdidamente apaixonada por você. Você com todas essas impurezas e farsas. Você com todos esses macarrones e cafezinhos de esquinas. E apesar de tudo, obrigada por existir.''

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Uma carta para uma cajuína perdida.



    ''Minha pequenina cajuína desse meu tão seco e devastado sertão,

     venho por meio desta, te dizer o que há muito tempo ficou engasgado aqui na minha garganta e se agarrou à minha traqueia porque não queria sair de jeito nenhum. Não queria sair por medo de ter que admitir que eu sou fraquinha, fraquinha, minha cajuína. Mais fraquinha que uma bonequinha de porcelana. Daquelas, cheias de  roupinhas coloridas que geralmente não são mais utilizadas. Foram esquecidas por muitos.
    Mas meus dedos pensam por si só e querem jorrar logo tudo para fora, expor todas as minhas fraquezas. Te dizer que. Sinto a sua falta. Todos os dias. Eu chego em casa e tiro a minha carapaça de boneca de pano que muito aguenta, e me torno eu, verdadeiramente eu. Uma bonequinha de porcelana que chora de saudades suas. É que no meio de tanta gente, eu procurei por um sorriso que não estava ali. Uma carinha de mistério a ser desvendado que se esconde. Uma voz que cantava aos meus ouvidos que já não era mais ouvida.
     Demorou, sabe. Pra ficha cair. Mas quando ela caiu, caiu tão pesada que esmagou meu coração que já estava pequenino, pequenino. Quis te ligar no meio da noite pedindo para você voltar, mas não adiantaria nada. Choraríamos ao telefone e ficaríamos ali, mudas. Mudas porque não há nada o que se dizer. A vida aconteceu e te levou em uma brisa fria. Justo você, que sempre foi uma presença de brisa quente e calma. O mar que você vê, se tornou pequeno para o tanto de lágrimas salgadas que chorei internamente por você. Chorei por fora também.
     Guardei-a em mim e em todas as minhas lembranças. Nas boas. Seus conselhos sopram muitas vezes ao meu ouvido. Tua risada parece surgir de dentro das minhas entranhas e fica ecoando aqui dentro. E às vezes, queria te contar uma história engraçada qualquer, e então te procuro. Mas daí, me lembro que você não está aqui para ouvir, e isso vem feito um soco no estômago. Mas em todo caso, te quero muito bem cajuína. Mesmo você assim, distantezinha assim, pertinho do mar e longinha de mim. Isso foi só um lembrete de nota-amarela-adesiva, pra te lembrar que você faz falta. E muita.''



JBW

sábado, 11 de fevereiro de 2012

There Is A Light That Never Goes Out


        ''Veja bem meu bem, tanto tempo já se passou e cá estamos nós de novo. Caminhos que viveram se cruzando, se empareando, se escondendo... E no entanto, estão lado à lado. Caminhos um tanto quanto diferentes, mas ao mesmo tempo um tanto em comum.
        Com o tempo, a gente acaba percebendo que muitos vão, e poucos são àqueles que ficam. E você foi embora, voltou, fostes novamente mas no fim, ficou. Você permaneceu meu bem, e pegou-lhe o lugar de direito. O lugar que nunca havia deixado de ser seu. Você que há tanto, se tornou uma paz em um abraço caloroso, um porto-seguro em meio à uma tempestade. E é claro que eu mesmo sou a minha própria tempestade. Com todos os meus furacões, raios e vendavais.
         Mas você cuidou de mim e acalmou esse vulcão que está sempre em erupção. Você sorri e o mundo parece ganhar cores. Seus carinhos me deixam com uma sensação de que eu nunca senti tristeza nenhuma nessa vidinha insossa. Sei que isto aqui está um tanto quanto piegas e um tanto quanto pé-no-saco dessa minha repetição de você, você e somente você. Me desculpe a cafonice, mas é que de repente, me deu vontade de falar de você meu benzinho, de falar para você. Falar dessa alegria que você me proporciona todos os dias, falar desse seu jeito que me deixa muitas vezes, sem jeito. Falar de todas essas coisas boas que tu trás para essa pequena-grande carente que sou.
         Te cuida sempre meu bem, qualquer maltrato a ti, atinge muito mais a mim do que se fosse para eu mesma. Cantes no meu ouvido baixinho qualquer cançãozinha de ninar gostosa, deixe-me dormir no seu colinho macio e digas que permanecerás, não importa o tempo que passe ou o grau da escala Richter de meus abalos sísmicos. Apenas diga que tudo ficará bem, que o universo conspira à nosso favor e que ele se encontra logo ali e que nos encontraremos em qualquer futuro ou planeta, não importa. Desde que eu possa sentir essa tua aura e onda de calmaria, tudo ficará perfeitamente bem. Afinal, 'Há Uma Luz Que Nunca Se Apaga', e essa minha luz, é você.''


J.B.W. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Em estado de Polisipo.

     


       ''Aprendi, lendo Clarice Lispector, muitas coisas. E uma delas foi que a palavra Polisipo - que também é um lugar - em grego significa pausa da dor. E após ler esse significado, fiquei a pensar aonde podemos descansar a nossa dor, aonde podemos dar um break nela.
        É certo que as dores não passam. Elas dão uma pausa momentânea e às vezes voltam antes que a gente pense em apertar o botão de play. A dor age sozinha. Detesta que alguém a comande. O máximo que podemos é adiar por algum tempo que ela nos importune, daí quando você menos espera, ela explode, aparece e permanece. Dizem que o tempo é um remédio para a dor. Eu não acredito muito nisso. Acredito que com o tempo, a gente acumula mais dores, mais preocupações e mais alegrias também, e isso faz com que nossas antigas dores fiquem um pouco esquecidas, mas logo elas retornam, te dizem olá, entram sem permissão, antes mesmo que você possa dizer bem-vinda.
       Mas nossas dores nos ensinam. Ensinam que existem outras piores para enfrentar. Ensinam que a gente deve ser forte e encarar tudo de peito estufado e um sorriso no rosto. Ensinam que o mundo dá volta e de repente tudo pode vir à tona novamente. Ensinam que temos que aproveitar os momentos de Polisipo, já que não é sempre que acontece. Ficaremos então, em estado completamente utópico. É época de aproveitar o que a vida têm a oferecer, é época de dar um sorriso para o que vem dando errado e mandar a tristeza bater em outra freguesia, ou se escafeder, ou o que der na nossa telha, desde que ela vá embora. Desde que ela entre em estado de Polisipo.
       Eu sei, já dizia em Amelie Poulain : 'são tempos difíceis para sonhadores'... Mas qual seria a graça da vida se tudo nos fosse demasiadamente fácil? É preciso aprender a cair da árvore sozinho para poder aprender com seus erros e descobrir como se subir do jeito certo e então chegar ao topo por mérito nosso, e não porque a-filha-do-vizinho-do-tio-do-primo-do-meu-pai me ajudou a chegar lá. Qual seria a vantagem em atravessar o rio de uma margem à outra se alguém tivesse nos levado sem que fizéssemos o mínimo esforço?
      Temos que cair de bicicleta, ralar os joelhos, ralar nossos coraçõezinhos, nos cortar, nos queimar, sofrer nossas dores. Assim, quando tivermos o prazer de acontecer-nos algo tão bom e bonito, poderemos sentir e saborear com prazer, qual é o gostinho da fe-li-ci-da-de.''


JBW   01/02/2012     11:42

sábado, 14 de janeiro de 2012

Apesar de você.


       ''Eu sei, há muito tempo não te escrevo. Sua última carta está fechada, não me julgue por não lê-la. Faltou-me coragem. Justo eu, que você sempre dizia achar corajosa. Perdi algumas daquelas minhas manias que você achava insuportável. Queria que você me visse agora, não sei, talvez você gostasse da minha mudança...
        Às vezes sabe, me dá uma vontade de te ligar, perguntar como você realmente está, ouvir você reclamar um pouco da vida e cantar aquele trecho da música que ambos gostamos. Vontade de te dizer, me desculpa, não sei pelo o quê, mas me desculpa mesmo assim. Mas no fundo eu sei, isso não vai funcionar, pois não temos o porquê pedir desculpas, a vida simplesmente aconteceu e a gente ficou parado aqui. Você não quis ser a primeira a dar o passo, e eu muito menos.
        Mas te confesso, olha, por pouco, muito pouco não saí correndo atrás de você no meio de uma rua quando a gente se encontrou ao acaso. Você deu um sorriso meio sem graça, cumprimentou com a cabeça. Eu fiz o mesmo, mas quando virei as esquina, confesso que chorei. Chorei por você, por mim e pelo fulano que tava passando na rua, sendo que eu nem ao menos o conhecia, mas eu chorei por ele.
        Mas também tive vontade de pegar uma pedra no chão e jogar no meio da tua cabeça e de te xingar mil vezes de idiota. Porque com o tempo, me perdoe, mas eu até criei raiva de você sabe. É uma mistura de raiva, saudade e mais um monte de outros sentimentos que eu nem gosto de falar para não atiçar.
        Uma semana depois, preparei uma xícara daquele chá que você tanto gostava, fiz seus biscoitos preferidos, coloquei minha melhor roupa, arrumei a casa e esperei por você. Mas daí eu lembrei que você não viria mais. E você realmente não apareceu. Não sei, talvez no fundo eu tivesse a esperança que no último segundo você resolvesse bater na minha porta, já tinha virado rotina, aliás, mais do que rotina, era tradição. Mas você sempre foi de quebrar regras e eu não seria a sua exceção. Por mais que eu quisesse. E olha que eu quis. Tanto, tanto.
        De repente você me manda um recado me dizendo algo banal e eu caio em sua armadilha e novamente te espero, mesmo sabendo que no fundo você não vem. Você que gosta de me atiçar, de me provocar e depois me deixa perdida nessa minha vontade de beber dessa tua água.
        Sabe, que às vezes eu me pego cantando nossa música, e invento sempre uma desculpa para o chá e biscoitos. Porque a maldita você que habita em mim, não quis sair, pregou na minha pele e ali ficou. E eu infelizmente sei, que pra você eu não passo mais do que uma lembrança boa, ou amena, não sei, de alguma coisa que ficou pra trás, algo distante que você quis deixar na encruzilhada. E eu quis tanto te pedir pra voltar, mas não o farei, peguei esse orgulho de você e com ele permanecerei. E te digo que agora, você irá provar do seu próprio veneno. Pois se pensa que irei atrás, está enganada. Eu te disse que mudei, quem sabe você gostaria da nova eu, e se você quiser mesmo saber, vai ter que correr atrás agora para descobrir, pois depois de tanto tentar e me humilhar por míseras palavras, eu cansei.''

JBW    01/01/2012    17:36


"Cada um tinha um coração. E cada coração amava uma pessoa. O coração de fulano amava beltrano, mas o coração de beltrano amava sicrano. Ou seja, fulano sou eu, beltrano é você e sicrano tem muita sorte." (Caio Augusto Leite)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Dois mil e Doce.

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'' Para começar o ano que se inicia hoje, vou seguir o conselho de uma amiga minha e acabar imitando a outra que também têm blog. Vou fazer uma lista de tarefas para 2012, e espero realmente que eu cumpra pelo menos a metade dessa lista. Contarei com a ajuda de minhas amigas para me policiarem para cumpri-las.


1. Ler mais livros do que eu li em 2011. Ou seja, a cota deverá passar dos 20 e poucos.

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2. Estudar. Afinal, vestibular está logo ali e não dá pra dar moleza para os concorrentes. E muito menos deixar de fazer as atividades ou fazê-las em cima da hora. Estudar, estudar e estudar.

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3. Fazer exercícios. Sim, eu sou uma das pessoas mais sedentárias que eu conheço e eu preciso criar vergonha na cara e me exercitar mais, porque além de fazer bem à saúde, eu deixo um pouco a minha flacidez de lado. O que não é pouco.
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4. Ser mais organizada. Meu quarto é sempre uma bagunça, assim como a minha carteira escolar, mochila e qualquer outro lugar que eu passe. Um verdadeiro horror. Necessito urgentemente de mais organização.

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5. Não responder tanto os outros. Sou muito desbocada, e preciso me controlar. Aprender que nem sempre eu tenho razão e que devo sim ouvir aos outros.

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6. Não falar tanto palavrão. De verdade, isso sim é horrível. Tenho uma mania péssima de que pra tudo o que me acontece eu tenho um palavrão. Bati o dedinho? Palavrão na certa. 

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Bom, na verdade têm muitas outras coisas, mas acho que essas são as principais. E que 2012 venha repleto de coisas boas, que seja um ano leve, um ano doce. Pois de dose já bastou 2011 que foi tanta dose que acabou virando um porre.''

J.B.W.   01/01/12    23:46