domingo, 26 de junho de 2011



''Eu era tão livre. Até que um dia, um garoto me prendeu em sua gaiola. Não era ruim. Eu gostava de estar alí, de cantar pra ele, pois isso fazia-o sorrir. Ele fazia a sua parte também. Sempre me alimentava e até deixava a gaiola aberta para não me prender. Podia ser livre. Mas eu não queria. Até que com o passar do tempo, ele foi se cansando de mim. Sempre o mesmo canto, a mesma coloração. 'Isso cansa', ele me disse. E foi assim. Outros passarinhos começaram a se juntar à mim. Eu estava sobrando, e o lugar estava faltando espaço. Não tive outra alternativa e voei para longe. Olhei para trás com medo. E com saudades. Nossa, que saudades eu senti. Do alto, avistei uma gaiola desabitada, escondidinha. Resolvi visitá-la. Entrei sem permisão. Me desculpe, eu disse. Também gostava de ficar nela. Parecia-me tão familiar. O garoto, dono dessa nova gaiola, deixou-me ficar ali. Na verdade, fui entrando aos poucos, para não causar-lhe espanto. Continuo nessa gaiola (ainda) desabitada. Eu era, um passarinho sem ninho. Um passarinho dentro de uma gaiola nova e com uma gaiola abarrotada dentro de si.''



JBW     26/06/2011     17:05

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