''Eu era tão livre. Até que um dia, um garoto me prendeu em sua gaiola. Não era ruim. Eu gostava de estar alí, de cantar pra ele, pois isso fazia-o sorrir. Ele fazia a sua parte também. Sempre me alimentava e até deixava a gaiola aberta para não me prender. Podia ser livre. Mas eu não queria. Até que com o passar do tempo, ele foi se cansando de mim. Sempre o mesmo canto, a mesma coloração. 'Isso cansa', ele me disse. E foi assim. Outros passarinhos começaram a se juntar à mim. Eu estava sobrando, e o lugar estava faltando espaço. Não tive outra alternativa e voei para longe. Olhei para trás com medo. E com saudades. Nossa, que saudades eu senti. Do alto, avistei uma gaiola desabitada, escondidinha. Resolvi visitá-la. Entrei sem permisão. Me desculpe, eu disse. Também gostava de ficar nela. Parecia-me tão familiar. O garoto, dono dessa nova gaiola, deixou-me ficar ali. Na verdade, fui entrando aos poucos, para não causar-lhe espanto. Continuo nessa gaiola (ainda) desabitada. Eu era, um passarinho sem ninho. Um passarinho dentro de uma gaiola nova e com uma gaiola abarrotada dentro de si.''
JBW 26/06/2011 17:05
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